Não tenho cortesias!!!


Quem trabalha com evento sabe, o que mais se vê é amigo de véspera. Seja para pedir uma cortesia ou o nome na lista. Agora a moda é “você conhece alguém que vende num precinho mais barato” e, há os bacanas que escolhem até a área que quer ficar. Nunca a pista, viu?

De doida, meu povo, já basta eu!

Logicamente quem trabalha nesse meio tem suas facilidades. Não consigo lembrar a última festa que eu entrei pagando. Você deve estar se perguntando se eu peço ingresso? Marminaaaaa, se peço.

Porém, eu peço pra Pipo, Biliu, Juninho da Prátika, Claudio, o meu gerente, Paul e Luciana amigos do trabalho. Repare bem, existe uma relação de amizade e parceria com todos eles. Isso significa que existe bom senso.

Falo com eles diariamente, alguns eu até frequento a casa. Outros eu já até viajei junto. Mais uma vez eu digo, repare no nível de relação.

O que leva alguém que, não sabe da minha vida, não cruzo em lugar nenhum, não me pergunta nem se eu tô bem ou precisando de algo, ou seja, zero convívio, vir me pedir ingresso, cortesia, nome na lista ou o caralho?

Agora pense comigo, se eu tivesse essa ruma de ingresso que me pedem, o que me levaria à dá-los para alguém que eu tenho pouco ou nenhum contato? Tem tanta gente próxima que eu poderia contemplar, por quê danado eu vou dar um ingresso para a mãe de pantanha?

Falta bom senso e sobra cara de pau!!!

Certa vez eu vi uma postagem, não lembro aonde, que dizia: em troca de ingresso quero algo que a pessoa X vende, faz ou trabalha. Exemplo: Se você é fisioterapeuta, eu lhe dou um ingresso e você me dá uma sessão de terapia manual, que tal? Se você tem uma pizzaria, eu coloco seu nome na lista e você me dá uma pizza, topa?

Aí você deve pensar: “poxa, esse é meu ganha pão. Que injusto você querer se dar bem às minhas custas.”

Então, o ganha pão de quem faz evento é vender ingresso. A conta do produtor/empresário precisa fechar, assim como a sua. A vida é uma via de mão dupla, as relações precisam ser pautadas na reciprocidade.

Outra informação que quem é leigo ou se faz precisa saber: EU NÃO TENHO EVENTO PRÓPRIO. Eu sou apenas uma profissional de eventos. É com o dinheiro do ingresso que você compra que eu recebo o meu ganha pão, seja meu salário, seja uma diária de freelancer.

Houve um tempo que eu era besta, lesada de verdade ou talvez eu não me desse conta de como nós, seres humanos, somos interesseiros. Digo nós, porque eu também faço parte dessa parcela. Quantas vezes eu já pedi carona à fulano por ele ter carro e eu não dirigir? Ou desisti de ir pra alguma lugar porque tava lisa e não descolei carona? Entretanto, a primeira coisa que eu digo é: eu boto a gasolina. É isso que chamo de reciprocidade.

Tinha uma criatura acolá que queria pegar algum momozinho solteiro do meu conjunto e dizia: “bora hoje pra Catita, eu te pego em casa, depois te deixo, tu bota meu nome?” Depois que não precisava mais de mim, pois a relação evoluiu, pergunte quantas vezes mais ela me ofereceu carona? Até um dia que eu doida pra ir, não tinha uma cia se quer, peguei meu táxi e fui mesmo assim, cheguei lá e a dita cuja “num” tava. Sozinha homi, ficou toda errada e veio se explicar que decidiu em cima da hora e blá, blá, blá.  

Tinha outra que num mês foi para TODOS os shows do meu conjunto. Até mesmo os que eu nem ia, certa vez ela perguntou: “acho que eu vou pra catita hoje, meu nome tá na lista, né?” Respondi: Não e eu já mandei a lista desde ontem. Ela retrucou: “Pensei que você deixasse fixo como sua acompanhante.” Eu fui obrigada a perguntar a ela qual era o instrumento que ela tocava? A gente tem que rir, né?

Como eu disse ontem, tem coisa que eu só acredito porquê é comigo. Sério meRmo.

Ora  fixo. Fixo na lista da banda só os músicos e olhe lá, porquê até Biliu e Faber eu só coloco em raras exceções.

Você simular abaixo o melhor diálogo de todas as situações já vividas:
Eu: tô querendo ir pro show de sei quem no TR, mas ninguém amigo meu gosta pra fazer cia.
Alguém: oxe, eu não conheço muita coisa de Blitz (exemplo), mas se você conseguir os ingressos, eu vou com você.
Eu: ainnnnn, ótimo. Já vou pedir dois à Pipo (exemplo).
Alguém: Te pego de que horas?
Eu: às 20h, já que começa 21h, não chegamos tão em cima, pois ainda vou pegar os ingressos.
Alguém: Beleza, mas você vai ter que botar gasolina, pois a que eu tenho é só para terminar a semana.
Sabe o que eu fazia? Colocava, né? Ia perder o show? Produtor deixou de dar à outra pessoa para me dar, é foda furar.

Foi a partir de situações como essas que eu comecei a me fechar ainda mais para o mundo externo e passei a viver mais no meu mundinho, só sair com meu dinheiro, sem depender de ninguém para ir e vir e quando não pudesse, ficava em casa. Ninguém morre por isso. Foi por exemplos assim que eu desenvolvi uma crise de ansiedade. Por causa de pessoas como essas, eu passei a desacreditar de gentes. E acreditem, isso não é egoísmo, isso é necessidade.

Certa vez, eu bem triste com todos esses episódios, comentei com Clarinha: Por que as pessoas só saem comigo se eu conseguir o ingresso ou nome na lista? E se eu não conseguir elas não vão. Ou quando não dependem de mim para ir, simplesmente não me incluem nas suas programações. Ela me disse uma frase que eu jamais esqueci: “Gabi, coloque uma coisa na sua cabeça, sua companhia é ótima, tanto que eu venho de Ceará Mirim pra sair com você, nunca lhe pedi um nome na lista, tampouco aceitei você colocar gasolina, porquê eu saio com você por gostar da sua cia e das programações.”

Enfim, eu só escrevi isso tudo para que vocês pudessem se colocar no lugar do outro, façam uma análise de consciência e vejam que a vida, meus caros, não é só venha nós. Antes de pedir qualquer coisa, simule a situação, pondere o grau de relação que você tem com a outra pessoa, imagine se fosse o contrário, ela te pedindo algo. Depois repita o pedido em voz alta, você gosta do que você ouve?

E, por fim, agradeça. Sempre agradeça. Seja o retorno positivo ou não, lembre-se que o outro não tinha essa obrigação. Só agradeça.



Gabi D. 

Comentários

  1. Muito bom Gabi, tem que ser desse jeito mesmo ta de parabéns.Eduardo cco

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