Você já se pegou sozinho, sentindo um vazio enorme no peito e, mais, na alma?
Você já sentiu falta de um carinho, colo, afago, aquele abraço apertado que dispensa palavras?
Já se olhou no espelho tentando se achar no seu próprio reflexo?
Contentou-se com migalhas?
Sentiu-se a pior das criaturas, com baixa auto –estima, a procura do amor próprio? E a dignidade?
É... se você respondeu positivamente a qualquer um desses questionamentos, sim, você sofre de carência.
Mas, não se assuste, você, eu e meio mundo sofre disso. Anseia, espera, necessita de um carinho, atenção, gesto de valorização.
Carência não é apenas estar carente.
Carência é falta, privação, necessidade, pobreza.
Não é estar solteiro e sentir-se só. Você pode ser casado e sentir-se o mais solitário de todos.
Você pode estar carente do colo da sua mãezinha, mas na carência, qualquer colo serve, qualquer ombro amigo...
Na carência, você ama seu príncipe encantado, mas a vontade de um beijo, um abraço, um toque diferente, pode ser de qualquer um...
Não importa de quem venha o carinho, importa é que venha.
A mulher, por exemplo, com seus medos, angustias, expectativas... Ela não quer ser amada. O amor vem depois, é consequência, passa a ser segundo plano. Dê-lhe carinho, atenção e, como dizem, já tá no papo.
O homem, machão, aquele que tudo pode e tudo tem, é o mais covarde e medroso de todos, mas, claro, seu orgulho não o deixa transparecer, morre de medo de perder território, pode até não saber dar o carinho, mas não consegue viver sem. Pode até não ter atenção que necessita, mas qualquer uma que lhe for dada, já tá valendo.
A carência não é um problema dos casais, da relação homem x mulher. É Geral, unanime, o mal da humanidade.
Os pais, que tem seus filhos naquela fase, sabe? Fase do to nem aí...
Já não se vê mais filhos como antes...
Benção? Isso é cafona.
Sua mãe foi fazer um procedimento cirúrgico? Ah, vou no hospital nem a pau, é coisa besta.
A pobre mãe diz: meu filho, venha pra casa, tô sozinha. A resposta (quando tem): nasceu grudada comigo?
Cadê o: mãe, tudo bem? Como foi seu dia? Vou sair, mas não se preocupe. Tudo bem com a senhora?
Diálogo, como estás escasso. Atenção, quando a teremos de volta? Carência, por que tanto assolas?
Você já disse eu te amo hoje? Já deu um bom dia? Sorriu pra alguém?
O que mais vejo, em todas as partes, de todos os lados, de todos os tipos de relação, são pessoas carentes de qualquer coisa.
Carência de atenção na relação pai x filho, carência de companheirismo nas relações de trabalho, carência de amizades verdadeiras, carência de amar e ser amado.
Me deparo com situações de desespero, desengano. Passar por cima do que se gosta, do que acha certo, daquilo que temos com referência, por causa da carência.
Aceitamos as migalhas de alguém, que poderia nos dar bem mais, mas não quer ou sei lá, simplesmente porque a carência nos deixa nos contentar com pouco.
Exigimos fidelidade, não queremos ser traídas, mas cobiçamos e nos entregamos para pessoas comprometidas, porque simplesmente estamos carentes.
Os comprometidos traem, porque seus companheiros não te dão a atenção e carinho, que aquela “periguete”, cheia de amor pra dar, te dar.
Os pais, decidem “lavar as mãos” com os filhos que não te valorizam. É sabido que isso é da boca pra fora e que por dentro eles sofrem e muito.
Relendo tudo isso me pergunto: o mal da humanidade é a carência ou a pobreza de espírito de saber que é capaz de tanta coisa ruim, tanto mal, acarreta tanta mágoa consigo e com o próximo?
Gente, cadê o amor próprio? Cadê aquele o que não quero pra mim, não quero pro meu semelhante? Cadê o sorriso aberto? Cadê as gentilezas? Fazer o bem sem olhar a quem... Sem querer tirar vantagem de toda e qualquer situação...
Onde nos perdemos?
Isso não importa, importa é nos achar, voltar para o corpo, recomeçar sempre.
Amor próprio deve vir sempre em primeiro lugar.
Vá logo procurar o seu.
(eu sei, isso não é tão simples assim)
Gabi D.
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