Você para nesse título e pensa:
essa criatura deve tá ficando louca.
A gente até pode alugar uma casa,
um barco, um DVD, mas onde já se viu alugar um amigo?
Ah, ela deve estar referindo-se
ao fato de quando estamos cheio de problemas ou queremos opiniões e ficamos
horas "alugando" o nosso melhor amigo ou algum que nem seja tão amigo
assim, no entanto, está disposto, né?
Pois eu respondo. Não estou
ficando louca. Tampouco estou falando de alugar o amigo por horas.
Hoje quero apresentar-lhes a nova
profissão do mercado, que chegou sem fazer alarde, mas já aprece até em
anúncios de classificados. É o personal
friend, ou amigo pessoal, ou, mais realisticamente, amigo de aluguel.
Imagine você sair pra dar uma
volta no shopping, uma caminhada no parque, tomar um chopp e no final
perguntar: "quanto foi a conversa?" ou "quanto devo pela
companhia?".
Se o amigo for um amigo de fato,
vai realmente que você enlouqueceu, mas, o que é amigo de fato?
Pausa para você pensar e, de
repente contar. Sim, eu também fiz isso, quando li sobre essa nova profissão no
livro a Arte de ser Leve e, também, quando decidi escrever sobre o tema.
Então você se pergunta, 300
amigos no twitter + 500 no facebook, há de haver meia dúzia. Será
mesmo?
"depois que inventou os meios de comunicação à distância, o ser humano viu que o problema da comunicação é de perto" (Millôr)
Não fique triste, isso não é
exclusividade sua. A falta de amigos, amigos de fato, é uma tendência no mundo
atual, mundo dos relacionamentos virtuais, mundo das inverdades, do vazio.
Cadê as relações pautadas pela
consideração, respeito, espontaneidade?
Olhar nos olhos, ver através
deles. Dizer, sem medo de ser julgado, o que sente, mesmo que isso não seja o
que a outra parte quer ouvir. Saber aceitar as opiniões. Brigar, xingar, mas
acima de tudo, encarar de frente.
As pessoas tem deixado de ser
gente e, talvez, essa seja a maior verdade delas. Pelo menos eu acredito nisso,
defendo, mas, só quando sinto que vale a pena.
E, é exatamente isso, o sentir. Tá
extinto, escasso, acabado.
O que nós vemos, lamentavelmente,
é o jogo de interesses, as picuinhas, é tanta coisa pequena, vil, macabrada.
Sim, eu não queria, mas ando
desacreditada das pessoas, das amizades, das relações em geral.
Tenho preferido afastar-me, tenho
escolhido a minha amizade e nós juntas temos estado em paz. Pode parecer
estranho, egoísta, mas, essa é uma forma de me proteger.
Assim, eu não crio expectativas
e, se crio, eu mesma me frustro, eu mesma me decepciono. Com isso, eu não corro
o risco de sofrer, chorar ou magoar, errar com os outros.
Todos nós já decepcionamos e
fomos decepcionados. Já excluímos e fomos excluídos. Já deletamos e depois
restauramos na lixeira.
"Isso é viver, gente. E viver é dar e apanhar, é cair e levantar, é um aprendizado diário."
Eu faço "querido
diário", eu envio mensagens, eu escrevo cartas, eu olho no olho, eu
prefiro mil vezes à conversa mais difícil olhando no olho do que o bate-papo on
line mais falso.
Eu considero, eu gosto de me
fazer presente, eu tento prestigiar sempre, eu prezo o título de amiga e,
principalmente, eu gosto da amizade.
Se eu sou perfeita? Claro que
não. Se eu já magoei amigos? Logicamente. Mas, essa vai continuar sendo a minha
verdade.
"a amizade... nem mesmo a força do tempo irá destruir. somos verdade... nem mesmo esse samba de amor pode nos resumir".
Gabi D.
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