Não cicatrizou mas, criou casca!



Quem aqui já amou?!

Já acreditou em algo ou alguém, se permitiu, deixou-se envolver, pois tinha certeza que sua hora havia chegado?

Aí, cedo ou tarde a “casa caiu”, àquele conto de fadas deixou de fazer sentido, lhe trouxe pra realidade e você se deu conta que (mais uma vez) quebrou cara.

Ora, minha cara, isso aconteceu hoje com você, amanhã comigo e pode tá acontecendo nesse exato momento com alguém que talvez a gente nem conheça.

O fato é que isso vai acontecer sempre. E não apenas uma única vez. Ainda vamos quebrar muito a cara. Vamos cair tantas vezes. Vamos das quedas também.

Assim é a lei da vida, a gente não só leva, a gente bate também. É que é natural sentirmos mais quando caímos, afinal estamos machucados e dói. Quão bom seria que sarasse logo, né? Se pudéssemos colocar um band-aid no coração, já imaginou?

Não podemos. Tem uns tombos que custa cicatrizar, levam muito tempo.  Embora, acredito eu que tudo depende de como você trata do machucado.

Não estamos imunes. Entretanto, podemos cuidar com carinho das feridas. É aí que entram as nossas escolhas.

Tem quem prefere se recolher, isolar-se como uma espécie de fuga. Há quem prefira ir pro “mundo”, exalar liberdade, grita alto uma felicidade fantasiosa. Alguns focam no trabalho, se volta para família ou vai ao encontro de Deus.

Tudo é válido, desde que você não pule etapas e nem dedique à sua dor mais tempo do que ela merece.

Hoje, eu posso dizer que não cicatrizei, mas criei casca. Tem dias que, quando como algo “carregado”, o machucado dói mais.

Pode ser numa música, num final de tarde, quando o vento sopra no meu rosto, quando fico a contemplar a lua, quando nossos olhos se cruzam em sonho e a gente se fala no olhar. Tudo inflama a ferida. Tudo isso é “carregado”.

Importante é que essa casca não ressecou meu bichinho, não o endureceu, tampouco o fechou.

Mesmo doendo e com medo, ele é leve, doce, cheinho de coisas boas, de uma fé inabalável, de verdade, de vontade de bater num novo compasso, de deixar-se envolver, seja para cair de novo, seja derrubar e, sobretudo, seja para amar.

“Hoje o tempo voa, amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Não há tempo que volte, amor
Vamos viver tudo que há pra viver
Vamos nos permitir”

 Gabi D. 

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