Quanto vale um relacionamento?



Pelo título você deve pensar: lá vem Gabi quer pagar de consultora sentimental. Terapeuta de casais. A psicóloga especialista em sentimos.
Não é nada disso!

Não sou especialista em porra nenhuma. Sou uma eterna aprendiz, curiosa, debatedora de fatos - vividos ou não por mim.

Esse assunto que escolhi pra gente trocar figurinhas é bem pertinente. Rende pauta longa e muitas, muitas vertentes.

Século 21, a era digital, relações baseadas cada vez mais no interesse que, infelizmente, não é mútuo. Imediatismo, correria, praticidade, ego, carreira, superficialidade, comodidade, Status, aparência. Ufa!

Perdemos a essência!

Quantas relações você conhece alicerçada no sentimento?
Quantos são os casamentos que já passaram dos 5 anos?
Tá, desculpa, forcei demais.
Quantos já passaram dos 3 anos?
Mas, não conte só o tempo. Quero saber quais os pilares dessa relação?!
Filho?
Dinheiro?
O carro?
Ou o apartamento?
Negócios?

Das duas uma: ou a zona de conforto é muito boa ou você tá levando muito à sério  aquele negócio de "na alegria e na tristeza; na saúde e na doença; até que a morte nos separe".

O que você não enxerga é que chega um momento que não há mais relação. Há um comodismo, uma aceitação, uma negação. Há qualquer coisa menos uma conexão.

É triste de ver, diariamente, casais pintando uma felicidade vazia, não há brilho nos olhos, não há mãos dadas, não há sintonia.

Agora você se pergunta: quem ela pensa que é pra falar de casais?! Tá encalhada e faz tempo. Não tem propriedade alguma pra falar.

Talvez não tenha mesmo. Mas, se tem uma coisa que eu tenho é sentimento.

"Quem é mais sentimental que eu..."

Ainda sou romântica. E espero que nunca eu perca essa capacidade de amar com todas as coisas que o amor permite. Cartinha, ursinho, coraçãozinho, versinho, assim, tudo no inho, coisa de serumaninho apaixonadinho. Sou intensa. Eu quero a essência.

Por que eu escrevi isso tudo?

Porque tava lendo um livro* e me deparei com uma lição incrível, seria egoísmo demais não compartilhar. Minha mente ficou fervendo pra escrever sobre.

A história é basicamente a seguinte: Carlos e Isabel namoravam desde sempre, foram "prometidos" uma ao outro, se amavam e estavam noivos.
Daí Carlos foi servir na guerra. Desapareceu. O tempo foi passando e o deram como morto. Sua própria família passou a lidar com essa fatídica constatação.
Isabel parou sua vida por 3 anos, até que resolveu encontrar forças pra seguir.
Carlos que, estava sendo prisioneiro dos Russos, conseguiu liberdade e recorreu à ajuda da Cruz Vermelha. Já havia passado cerca de 5 anos quando ele reapareceu. Acreditando que Isabel o espera todo esse tempo, ele desejava casar assim que voltasse.
Ela, por sua vez, já estava perdidamente apaixonada por Gilberto.
E agora?!
Ela não quer deixar Gilberto. Também não quer machucar mais Ainda Carlos que votou de uma guerra, tá com o emocional já bem abalado.
Que decisão tomar?
Ela acredita que dizendo pra ele que não o quer mais, estaria pensando só nela e sendo egoísta.
Então sua sabia mãe manda essa que é a grande lição da leitura de hoje: "Não é egoísmo. Casar com um homem amando outro é enganá-lo e levá-lo a casar-se com uma mulher que não o quer. Quem pode ser feliz em uma situação dessas?!"

Do mesmo jeito que é egoísmo manter-se numa relação por causa do filho, por causa dos negócios, por causa de dinheiro ou pelo carro, apartamento.

Quem pode ser feliz com carinho forçado, com amor cobrado, com indiferença, com ausência?

O filho pelo qual você preserva a relação vai crescer com esse exemplo de sentimento? Ou melhor, com a ausência do tal sentimento, né?

Como você se sente vendo sua parceira andando na frente e você atrás? Porque ela não se sente confortável de pegar na sua mão?

Em tempos de redes sociais, como sua namorada reage ao ver você postar fotos com os caras e nada com ela?

Repito: quem pode ser feliz em qualquer situação dessas?

A vida é muita curta, meu povo! A gente precisa viver!
Para viver é necessário sentir.
Para sentir é preciso que seja de verdade.

Ainda dá tempo pra tudo!

E isso me remete a outro texto** que me fez aprender muito, diz assim:
"Pode o céu estar fechado neste instante, mas uma hora abre, não falha. Pouco importa sua idade: você está vivo. Então ainda dá tempo para você reatar, dá tempo para você terminar uma relação ruim e começar outra, dá tempo de pedir perdão ou de colocar uma pedra sobre o assunto que incomoda, dá tempo de ter um relacionamento mais leve e prazeroso, e indo além das questões amorosas: dá tempo de conhecer a Ásia, de escrever suas memórias, de mergulhar no mar à noite, de aprender a cozinhar, de falar italiano, de fazer diferença, de começar uma coleção..."

Se você respira, então ainda dá!

Gabi D.
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*A vida sabe o que faz de Zibia Gasoaretto.
** Ainda dá tempo da Martha Medeiros. 

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