Sem Título


Abri essa folha em branco com a minha cabeça numa confusão, pois não sabia sobre o que eu queria escrever.

Eu só sabia que queria escrever, afinal é algo que eu amo fazer e há tempos ando ausente.

Sinto falta dos meus escritos, saudades de quando o coração transbordava inspiração.

Ando tão descrente sabe...

Descrente das pessoas, descrente do ser humano, descrente de quem deveria governar... nos representar, fazer valer os ossos direitos.

A propósito, quais são os nossos direitos?

Saúde, educação, segurança, itens básicos, para se viver numa sociedade, nós não temos. Não podemos mais ir e vir, as conversas na calçada de casa é coisa de outro mundo.

De verdade, não era sobre isso que eu queria escrever. Dói saber que estamos entregues, abandonados, não há quem possa fazer algo para mudar o futuro da nossa nação.

Aí, eu busco outra pauta, e penso: Trabalho. Vou falar de trabalho, já que é algo que eu amooooooo fazer.

Então, me vejo descrente também. Vejo o amadorismo sempre ocupando espaço, pois nós é quem sustentamos esse mercado prostituto. Entramos em parcerias que de parceiros os caras não têm nada. Assistimos puxarem nosso tapete porquê tem gente assim em todo lugar. Trabalhamos duro para fazer o melhor e só somos bacanas quando damos cortesias. Temos que engolir sapos de todo tipo de gente, estrelismos de artistas que até ontem não eram ninguém.

Como não sentir-se descrente?

Talvez eu deva concentrar meu texto em sentimentos, é sobre isso que tenho verdadeira paixão por escrever... Então, lembro dos amigos e decreto: Agora vai!

Não vai. :(

Àquelas de momento, que só se aproximavam por interesse, que eu já dei até de comer e hoje tenho que me deparar com piadas e recalques em redes sociais, essas nem conto.  Não me acrescentam, logo, não sinto falta.

Entretanto, ainda não me recuperei 100% das últimas rasteiras que levei de amizades que eu considerava verdadeiras.

Sim, eu sei que tenho que aprender a lidar melhor com perdas, mas sou ser humano, falho e ainda não cheguei nesse nível de evolução.

Para ser bem sincera, eu ando descrente até de mim.

Até tenho procurado fazer a minha parte, sabe? Buscando meu autoconhecimento, procuro olhar a vida com o coração, me dedicando à leituras, estudos e projetos que nos dão outra perspectiva, tenho aprendido a ressignificar.

Tudo isso tem me feito um bem danado, mas por vezes me sinto fraca, impotente, inútil, totalmente desconectada desse mundo que tem se tornado tão hostil, perverso, de hipocrisia e superficialidade.
Cadê os valores, as pessoas que se importam, a verdade, reciprocidade, honestidade, respeito, consideração?

Costumo gritar: “Dercy, vem me pegar.”

E, afirmo, se eu fosse abduzida hoje não seria sequestro, seria resgate.

Eu erro e muito, falho, sou pecadora, contundo, procuro todos os dias ser uma pessoa melhor. E, por mais evoluída que eu seja e, sobretudo, por mais que eu saiba que as ações das outras pessoas não são responsabilidade minha, ainda assim, é difícil não me machucar.

Dia desses conversando sobre tudo isso com um amigo, ele me manda a seguinte mensagem:
“Quando alguém lhe magoar ou ofender, não retruque. Não responda na mesma forma. Apenas sinta compaixão daquele que precisa humilhar, ofender ou magoar para sentir-se forte.” (Chico Xavier)
É quando eu respiro fundo e vejo que tô no caminho certo. Tenho que fazer a minha parte, mesmo que em dias bem difíceis. Mesmo quando não se acredita em mais nada. Mesmo assim.


Gabi D. 

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