Acredito que empatia seja muito mais do que apenas compreender o outro.
Isso deveria ser básico, por respeito / humanidade.
Mas, não é. Exatamente pelo mesmo motivo que deveria ser. Somos
humanos. Falhos. Cheio e fraquezas, medos e todas aquelas emoções que tendem a
nos puxar pra baixo.
Gosto muito de usar o termo importar-se. Isso vai além de compreender o
outro. É se colocar no lugar do outro, pensar como ele se sentiria e se
você gostaria de sentir o mesmo. Pior, de causar esse sentimento em
alguém.
Através da Vida Simples, minha companheira de todos os meses, desde o
ano passado, conheci a Ana Holanda - Editora da revista e escritora, daquelas
que escreve o que/como eu gostaria de poder escrever.
Ela não apenas escreve com o coração, ela nos mostra “como se encontrar
na escrita”, como é lindo ver o outro através das palavras e que a nossa alma
pode ser tocada de forma tão simples. Estou verdadeiramente apaixonada.
É inspirada nela e, nos exercícios de escrita afetuosa que propõe no
livro que eu pretendo escrever meus próximos textos para o blog.
"A empatia é algo que pode nos abrir para perceber o incrível que existe no outro. E perceber que existem boas histórias para serem contadas em todos os lugares.”
Escrever sobre isso me faz lembrar de um domingo, não muito distante,
que eu estava naturalmente nas "bad" e ainda por cima de
ressaca.
No sábado, me decepcionei com a hipocrisia e egocentrismo de pessoas que
eu amo e admiro, depois me estressei com o não se importar de outra. Tive
raiva, veio uma crise de ansiedade que eu queria arrancar os cordões, o sutiã,
suava mais que a tampa de uma chaleira. Fora que eu bebi como se não
houvesse amanhã, como forma de fuga/mascarar a tal raiva/decepção/crise. Meu
corpo ficou tão tenso, que ao acordar parecia ter sido surrada.
Com isso, eu escolhi no domingo fazer nada. Nem as minhas práticas e
rituais eu tive vontade de fazer.
Pedi uma pizza. Além de ser a cara do domingo, pizza conforta, abraça a
gente de um jeito tão carinhoso, porquê comida é afeto. Quando a notificação de
que o produto havia saído para entrega bipou no meu celular, fui lá pra fora
esperar.
Gosto dessa espera. Me permite olhar o céu, contemplar as estrelar,
quando demora eu ainda tenho um tempinho para conversar com #DiogoDoCéu, que é
como chamo Deus.
Nesse dia não demorou. Chegamos praticamente juntos ao portão - eu e o
motoqueiro. Até brinquei com ele que o app acabara de avisar, ou seja, ele se
teletransportou, só pode. Rimos.
Aqui na "Budega da Gabis", como eu chamo meu kitnet, não tem
campainha e o meu fica nos fundos, ou seja, difícil de ouvir chamar ou
buzinar.
Ele disse: procurei a campainha, minha buzina não tá boa, por isso, bati
palma e já tava preocupado de a senhora não ouvir.
Então respondi: E não escutaria. Moro lá atrás. Por isso eu já venho
aqui pra frente esperar. Que bom que não o deixei esperando.
Foi quando ele me desmontou: Ainda bem que a senhora se importa. Tem
gente que mora em condomínio com milhares de blocos, o interfone tá quebrado e
não se dá nem ao trabalho de avisar, fica esperando no seu sofá, torcendo para
que a gente adivinhe.
É... aqui não tenho nem sofá. Aproveito para pegar um vento fresco
mesmo.
Agradeci. Ele me desejou boa noite. E eu desejei-lhe bom trabalho.
Entrei e, embora a vontade de cair matando aquela pizza estivesse
aflorando em mim, eu só conseguia pensar na frase do motoqueiro que diz:
"ainda bem que a senhora se importa."
Desde ontem eu estava fazendo uma reflexão sobre o importar-se com o
outro. Ou melhor, eu sempre me pego nessa bendita reflexão. Porque eu sou sim
uma pessoa que se importa. Por isso, talvez, eu sofra mais.
Quando digo que sofro mais é porque sofro mesmo. Não esqueçam da tal
ansiedade que grita por todos os meus poros. Quando vejo atitudes de pessoas
que não se importam com o outro fico possessa. Isso me faz tanto mal.
Energetica, emocional e fisicamente.
Mas, quer saber, continuarei me importando. E sofrendo. E tá tudo bem,
porque se você sentisse como isso é incrível, escolheria se importar
também.
Ouvir desse motoqueiro que eu sou uma pessoa que se importa, me fez
querer me importar comigo e com o que realmente me faz bem. Ler, escrever,
rezar, planejar minha semana.
Porque a vida acontece agora. E tudo só depende de você, mesmo que pra
isso, precise de um empurrãozinho, no caso aqui, foi uma acelerada do
motoqueiro.
Conta pra mim sobre alguém, que mesmo sem saber, te deu essa mãozinha, te
inspirou, fez você virar a chave?
Gabi D.
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