Estamos há 15 dias do fim do ano,
me peguei pensando como foi o primeiro dia de 2020.
Eu confesso que não tem do que
reclamar, acordei sem ressaca, a viagem da região dos lagos para o Rio que
tanto me amedrontaram e preparam para ser de 5 horas, durou as 3h de praxe. Eu
pude celebrar o primeiro dia do ano, com um samba de responsa lá no Beco do
Rato, muito bem acompanhada pelo Grupo Arruda e Toninho Geraes. Pense no
tamanho da gratidão.
Mês de fevereiro... não é só dia
de Yemanjá, é o meu mês também e, no meu bendito dia oito, lá estava eu “carregando”
um pinto. Trabalhando, festejando e, claro, agradecendo. No dia seguinte tinha
barzinho com os amigos, num misto de aniversário e despedida. Graças aos amigos
que compraram minha rifa, pude realizar mais um sonho, fazer um dos cursos mais
caros da ESPM. Como agradece a tantas bênçãos em menos de dois meses?
Partiu SP! Quando volta? Não sei. Vai de vez? Não sei. E vai morar onde? Também não sei. Vou fazer um curso e se der bom ficarei por lá. Deu MUITO bom. Em menos de 10 dias, por meus próprios méritos, consegui um JOB numa agencia. Lá estava a gordinha, com apenas uma (super) mala, espalhada pela sala do Safadão e uma vontade gigante de fazer aquilo dar certo.
E deu. Por um mês e meio deu tudo
muito certo. Eu tinha trabalho lá e aqui. Eu tinha um colchão (de Lorena) no
chão de Ronaldo, tinha domingos na casa de Van e Nei, eu tinha as meninas da
agencia, tinha Carol e nossas andanças pela Paulista, tinha as ruas de
Pinheiros, tinha o Bar Templo com Pixote, tinha a Vila Madalena com rodas de
sambas depois do expediente e, o principal, eu tinha pra onde voltar quando não
desse mais certo. Motivos suficientes para agradecer, não é mesmo? Contudo,
Diogo do Céu quis me permitir uma última experiência. Último fds antes de
fechar a porra toda, ele me deu, mais uma vez, a oportunidade de estar com Toninho
Geraes, era o seu niver, foi lá na Dona Zélia e ainda teve Arindinho,
Almirizinho e Marquinhos Sensação.
Então chega o decreto. Geral pra casa, o home office foi instaurado, só sai se for a última opção. Limpa tudo, passa álcool em tudo e evita qq tipo de contato. Eu, claro, não demorei uma semana pra entrar em crise. Puxava tanto o ar que ficava constrangida. Sim, mesmo só estando eu e o Safa. Então, cheguei do psiquiatra era umas 17h e Deus me enviou um anjo com o nome de Daniel, popularmente conhecido com Biliu que, sempre pensa lá frente e disse:
- Man, sabe-se lá quanto tempo essa merda vai
durar, se você tá de Home Office tanto faz ser aí, aqui ou na puta que te
pariu, venha simbora.
- rapaz, como não pensei isso
antes? Mas, passagem deve tá cara, todo mundo querendo fugir daqui.
- Dá-se um jeito.
- Tem milha que vai vencer não?
Viajar você num pode.
- Tem, resolva com Ana Maria e...
Antes mesmo de dormir, já dia e
hora pra voltar. As malas aumentaram. A ansiedade também. Primeiro eu quis
acreditar estar fracassando na missão e partindo em derrocada. Depois, eu lembrei
o quanto eu era privilegiada de poder passar por isso em casa. NA MINHA CASA.
Gratidão, Deus bom!!!
E, por falar em casa. Depois de 9
anos e 8 meses eu me despedi da Budega da Gabis. Só o trauma da palavra mudança
justifica o fato de ter aguentado tanto tempo num lugar pequeno, abafado, com
zero infra e zero melhorias ao longo do tempo. Ahhh, mas tinha minha cara, meu
jeito, minhas CORES... Aquelas (literalmente) quatro paredes já me viu muitas
vezes choras, me viu querer morrer e até tentar. Entretanto, viu uma simples
cama aglomerar quem chegasse, era o único lugar que cabia todos, ouviu boas
risadas, a vibe na maior parte das vezes era boa. Fui feliz lá sim. Fiz dali o
meu lar.
Vai completar nove meses que voltei e, bem que Biliu tava certo – “sabe lá quanto tempo essa porra vai durar”.
Nove meses que levaram muitas
vidas, sorrisos, sonhos. E isso não vai só pra conta da pandemia. Nove meses
que não fazemos eventos que não seja no formato live. Isso vai exclusivamente
pra conta da pandemia. Nove meses que a saúde tá um caos, a economia tá um
caos, a segurança tá um caos, o desgoverno tá um caos e sim, eu vou continuar
batendo na tecla do caos que é para você e nem eu esquecermos que sim, estamos
sobrevivendo nesse CAOS.
Não me pergunte como, nem me peça dicas. Apenas viva um dia de cada e se apegue àquilo que você acredita. Seja Deus, Criador, Senhor, Alá, Buda, Jesus, Messias, Elias, Golias, Maomé ou Jeová. Seja nada. Você não precisa acreditar. Você só precisa acordar todos os dias e viver a sua verdade, de verdade. No mais, o universo irá conspirar.
Hoje fiz essa enquete e, embora
eu não pudesse participar, fiquei muito feliz de ver que, mesmo com tudo isso,
a grande maioria tem motivos pra acreditar, teve ou tem lições a tirar, tem
razões para agradecer e glorificar.
Para finalizar, eu gostaria de
deixar um vídeo que foi meu alicerce durante todo esse ano. É lindo,
emocionante e espero que possa te contagiar.
https://www.youtube.com/watch?v=GW3gAF1KPB4
Gratidão por ter chegado até
aqui, sei que a leitura foi longa. Embora pareça que eu falei só de mim. Presumo
que nas entrelinhas você encontre um pouco de si.
Bjo de luz no seu 💙.
Gabi D.
Lindo texto 👏👏👏👏👏
ResponderExcluirQuando votei “TIROU ALGO BOM” percebi a duplicidade de sentido. Tiramos lição e aprendizado, mas também nos foi tirado algo bom... sempre há uma saudade, seja de alguém, algum lugar... um evento que não foi vivido... ah tantos encontros foram adiados! Aprendemos muita coisa em 2020. A maior lição é que, apesar de tudo, vale a pena viver. Que seu 2021 seja repleto de alegrias e muito amor! Que o bem permaneça e o mal se afaste. Beijos de luz!
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