Eu poderia dizer que essa é uma
pergunta bem clichê. Só não mais do que a minha resposta.
Quem permanece viva em mim é dona
Nair, minha mainha.
Eu fecho os olhos e me transporto
lá para nossa casinha amarela, na rua Condor.
Onde costumávamos sentar de tardinha no batente da escada e ela ficava fazendo
cafuné na minha cabeça e cócegas na minha barriga.
Era como se o mundo parasse
naquelas tardes e fosse só nós duas na imensidão de amor que nos envolvia. Era
muito mesmo. Amor.
Essa semana estava contando sobre
àquela ruma de farofa que a senhora me fez comer, depois de ter te feito passar
vergonha lá em tia Altamira.
Lembrei, também, do textinho que
escrevi sobre minha história para postar nas redes. Contei do quanto me ensinaste
a ser verdadeira, leal e justa.
Como se não bastasse cuidar de
mim, me dar o melhor amor do mundo, a senhora construiu um caráter precioso e
num curto espaço de tempo. Claro, não vou tirar meu mérito em perseverar e
manter seu legado vivo em mim. Sou reflexo daquela que foi meu melhor espelho.
“pois quando o espelho é bom, ninguém jamais morreu...”
Sabe, mainha, como bem diz a
música, a senhora está em todas as coisas, até no vazio que me dá. Vazio que
tem me corroído essa semana e chega a sufocar. Não à toa a proposta de texto da
comunidade era essa, pois te escrever parece aliviar.
Sinto saudades do seu colo.
Saudades de quando não tinha nada
e, ainda assim, não precisava me preocupar.
Saudades até daquelas meias com
bordado e vestidos com babados – cafonas – que a senhora insistia pra eu usar.
Saudades de como você batalhava
pra nada faltar.
Saudade da farofa de ovo.
Saudade. De tudo. Só.
Gabi D.
Texto 6 - Para a comunidade de
Continuidade da Escrita Intuitiva do @gutanaka.
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