Eu não lembro quando começou, nem o que despertou, tampouco
se algo motivou. Eu só sei que já passei por poucas e boas. Algumas não tão
boas. Mas, eles têm muitas histórias para contar.
Ah... antes que eu esqueça, estou falando do meu amor por
canetas e lápis. Tão intenso que, já ia esquecendo de mencionar.
Quando criança, adorava ir comprar o material escolar. Podia
escolher meu estojo e tudo que eu guardaria lá. Sim. Guardaria. Porque eu tinha
pena de usar. Ainda tenho, vale salientar. Recentemente joguei um monte no
lixo, não funcionavam mais. Nunca usadas.
Minhas amigas de turma tinham coleções, era caneta de cheiro,
coloridas, borrachas de bichinhos. Eu tinha o básico. E muito, muito amor. Sempre
que ganhava algum dinheiro, a primeira coisa que eu comprava eram canetas e
lápis. Um dia eu teria minha coleção. Esse dia nunca chegou. Afinal, sempre
preciso de mais uma.
Já adolescente, em outra escola, lembro de certa vez que recebi
R$ 50 de presente, então fui com umas amigas de classe tomar um lanche no shopping.
Claro que fui numa papelaria, era meu destino certo. Lembrei que nesse dia
comprei uma poly Pentel “da azul”. Alguns chamam de lapiseira, mas por aqui é
poly mesmo e tinha que ser da azul, pois eu já testara outras e essa era a que
eu melhor me adaptava.
Passados alguns dias, fui chamada na diretoria da escola – minha
madrinha era coordenadora – haviam ligado da loja, pois identificaram pelo
uniforme que um grupo de alunas estavam roubando. Eu até vi uma das meninas
colocando um cartão entre os livros e disse que não fizesse aquilo, se ela
queria, pagasse. Ela disse que eu era muito boy e chata – boy é o termo pra
criança, boba/ingênua. Me ofendi com o insulto, paguei a minha poly e fui andar
pelo shopping. Do jeito que aconteceu eu
contei. Minha madrinha depois me explicou que eu era isso mesmo e, por isso, se
aproveitavam da minha ingenuidade. E, por conta disso, eu poderia me
prejudicar. Não deixei de ser colega de sala dessas meninas, só não andei mais
com elas, também, não fiz mais os trabalhos. Nunca esqueci desse episódio.
Cresci. Comecei a trabalhar. Assim era mais fácil comprar
minhas canetinhas coloridas. Tinha um estojo no trabalho e outro na bolsa, para
usar na faculdade. Foi assim que comecei a segmentar os estojos e, consequentemente
o que ia em cada um.
Escrevendo esse texto percebo que essa mania já me acompanha
há duas décadas. Nesse período fui criando mais conexões com canetas e lápis. Preciso
senti-los, testá-los. As lapiseiras continuam sempre sendo de ponta 0.7, é o
que me dá conforto ao escrever, embora use o lápis grafite tradicional também. Já
as canetas... ahhh as canetas...
Essas precisam de um capítulo à parte, acho que elas são minha
marca registrada. Sou cercada por elas e, também, gosto de testar, sentir, ver
o tipo de ponta – não sou fã de ponta grossa - , se esferográfica para o dia a dia
ou hidrográfica para os escritos de diário, planner,
cartões e cartas. É, eu sou do tempo das cartas, no entanto, isso ficará para
um próximo texto.
Hoje em dia são três estojos: um na mesa de trabalho, em
casa; um na mochila para os trabalhos externos; um no santuário, onde faço
minhas práticas. Cheio de cores e estilo que onde quer que estejam, qualquer
pessoa é capaz de dizer: - “só pode ser de Gabi!”
Gabi D.
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Desafio 003Jul do Clube da Escrita,
ministrado pela @anaholandaoficial.
O terceiro desafio de julho nos propõe
escrever uma crônica a partir de um objeto determinado que, nesse caso, foi o
estojo escolar.
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