Eu via na internet comentarem que
fulano foi cancelado porque isso, sei quem foi cancelado por aquilo e ficava me
perguntando que poder é esse que alguém tem de cancelar outrem?
A tecnologia veio para facilitar
e muito a vida da gente, mas o tribunal superior da internet só fica feliz
quando acusa, pune e derruba, né? Não existe causa ganha quando alguém não sai
machucado.
As mais recentes que me recordo foram
Luísa Sonza, acusada de matar o filho do Whindersson que nascera prematuro e
não resistiu. O que fizeram com essa menina passar não tá escrito. Se fosse
vista no shopping, era possível que levasse mais bala que o Lázaro. Outra foi a
Rafa Kalliman, postou um vídeo, pois não viu maldade na fala de um – acho que
era pastor – e foi crucificada. Se tivesse em praça pública teria sido queimada
viva. Assim como foi a Roberta, lá no Recife, que infelizmente não resistiu ao
ataque de ódio de alguém que não aceita quem pense e seja diferente que ele.
Essa semana fui eu a cancelada.
Logo eu. Quem sou eu, minha gente?
Tive a infeliz ideia de comentar
num post, criticando a postura de um jornal que estava – no meu ponto de vista –
se portando como portal de fofoca e fui mal interpretada. Para as cerca de 100
pessoas que me atacaram, eu compactuo com a violência contra a mulher e por
isso, eu sou um “demônio”, “devo gostar de levar umas boas pancadas”, “mereço
morrer”, afinal sou um “ser desprezível” que todos tem “nojo”.
Agora pergunto: Quem nunca falou algo / expressou - se de forma errada, que atire a primeira pedra?
Recebi tanto xingamento, tanta
agressão, tanta energia pesada que foi difícil não sentir, não chorar, não
tremer, não precisar de amparo e de remédios, claro. E eu vinha tão bem, mesmo
com todos os altos e baixos, a ansiedade estava controlada. Há mais de um mês não
tomava remédios além dos de sempre.
O mais curioso nisso tudo é que
eles me atacaram por acreditar que eu estava achando normal a mulher ser
agredida. E usaram do mesmo artifício para fazer o mesmo comigo. Amenos que
acreditem que apenas socos e pontapés é agressão.
Não precisava ir muito longe não,
bastava entrar no perfil pra ver quem eu sou e no que eu acredito. Alguns até
entraram para usar mais isso contra mim.
Sobre o caso em questão, afirmo,
só desejo que o DJ seja preso, sem direito a responder em liberdade e que na cadeia,
ele tenha o castigo que merece. Assim a justiça dos homens estará sendo feita,
mas eu confio mesmo é na justiça divina. DJ esse que eu não sigo, não ouço e
enquanto – chocada – os seguidores dele não paravam de crescer, eu estava
denunciando o perfil dele, assim não teria espaço para justificar o injustificável. Todos que me atacaram deveriam ter feito o mesmo. Ainda
dá tempo.
Desejo, também, que todas as mulheres que sofrem na mão de homens criminosos tenham o mesmo apoio e espaço que Pâmella teve – se assim desejarem. É falando de mulheres anônimas que outras anônimas entenderam que terão vez e voz. No Rio Grande do Norte, crimes contra a mulher teve um aumento de 258,7% durante o período de isolamento. Tem no seu prédio, no meu bairro, na roda de amigos, nos grupos de whats. Esses não contam por que não são famosos? Pois deveria. Quem sabe elas tendo apoio dos “amigos” consiga externar o problema? Botar pra fora. Pedir ajuda. Sair desse inferno. Pense nisso. Olhe pro lado. Você sempre pode mais do que só ficar sentando com o celular na mão achando que atacar alguém é fazer a diferença.
Sabe o que eu e mais essas três
mulheres temos em comum?
Vivemos numa sociedade podre. Que
vomita no outro o reflexo daquilo que eles são. Seus medos, angústias,
frustrações, raivas... Juntam tudo isso no liquidificador, se engasgam e precisam
colocar pra fora. Munidos daquela palavra com “o” que eu me recuso a mencionar,
eles atacam sem dó. A intenção é causar o maior estrago possível. Normalmente
eles conseguem. Não é à toa que a Luísa entrou no fundo do poço e a Rafa teve
que ir pra um retiro espiritual, tudo em busca de paz. Isso quando a raiva não
é tamanha e a pessoa acaba infartando ou tendo um AVC.
A gente precisa ter uma cabeça
muito boa pra lidar com esse tribunal. Sempre foi mais fácil jogar pedras. No entanto,
as mesmas mãos que jogam pedras, podem espalhar flores. Espero ter aprendido a
lição. Ignorar tudo, não opinar sobre nada, seguirei sabendo quem sou e quem quiser
conhecer mais – inclusive as minhas experiências com violência contra mulher – casa
e coração estão sempre abertos. Venha com tempo, pois tenho muitas.
Vou deixar aqui uma frase que
minha psicóloga compartilhou comigo e sempre é bom lembrarmos.
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