É dia de feira...

 


Desde pequena nunca fui muito fã de feira. Primeiro porque não gosto de quase nada que vende lá.

As bancas de galinha, carne e peixe me davam embrulho. Os feirantes – porcos – tratavam as vísceras ali mesmo. Esgotos a céu aberto misturados a legumes e frutas.

Detesto coentro e pimentão, não suporto nem sentir o cheiro. Era algo tão em desarmonia. Na banca vizinha, legumes e frutas com suas cores lindas e vibrantes, sabores dos mais variados, faziam contraponto com esgotos a céu aberto, animais de rua doentes e um verdadeiro enxame de moscas.

Na horado grito, seu Joaquim berrava:

- bora freguesa que a hora é agora, pague pela batata e leve também a mandioca.

- coentro e cebolinha, a pareia do sucesso, você leva 3 por 10 mirréis.

Eu não via graça em ir na feira, ainda mais que tinha que ajudar com as sacolas. Era o preço pra eu escolher as minhas siriguelas. Comprava 3 latas. A tarde era uma festa.

Colocava todas numa bacia. T O D A S. E chupava uma a uma enquanto assistia. Só parava quando o céu da boca feria. Pergunte se tenho essa paixão hoje em dia?

Nas minhas idas à São Paulo conheci uma feira diferente, contava os dias pra bater perna na Praça Benedito Calixto todo sábado. Antiguidades, arte, samba... Era um universo diferente.

Tinha limpeza, organização, pastelão, caldinho e muita diversão. Eu não via a hora passar e passava, sempre que podia, a tarde por lá.

Música boa é o segredo para eu gostar de um lugar. Me perco nos acordes, me acho no dedilhar do violão. A vida poderia ser música, a cadência estaria nas batidas do meu coração.


  Gabi D. 

__________________________________________________________

Desafio 004Ago do Clube da Escrita, ministrado pela @anaholandaoficial.

O quarto desafio de agosto nos propõe escrever um texto sensorial: cheiroso como uma feira.  

Comentários