João Ray x Billy de Santo Cristo

 


Ascendente em Escorpião me lembrou da legião. A urbana. Do Renato, Marcelo e Dado.

Esses, de Brasília, deram vida ao João, o de Santo Cristo. Nada a ver com o Billy Ray, que nascera em Nova Iorque, no cruzamento da 28 com 7, numa noite em que de um tudo aconteceu.

O que esses dois personagens – nada a ver – nos contam?

Embora sejam misteriosos, desconfiados e frios eles são, também, amáveis e carinhosos. Em contato com eles pode esperar suspense, tensão em muita força. Isso é muito evidente no jovem João, crescido na fazenda e que perdera o pai bem cedo. Cresceu sem norte, sem prumo.

Enquanto esse queria sair pra ver o mar e as coisas que via na televisão, o pequeno Billy Ray não fazia ideia de como era o mundo aqui fora. Ele só conhecia o líquido gelatinoso da placenta de sua mãe, de onde foi arrancado aos berros, dando a notícia de que chegara ao mundo.

João sentia mesmo que era mesmo diferente - deslocado, perdido, abandonado – sentia que aquilo ali não era o seu lugar. Presumo que essa tenha sido a mesma sensação que o Billy experimentou quando levou a primeira pancadinha na cabeça e passou a habitar o seu novo endereço, entre a rua 28 e a rua7.

Se o Santo Cristo ficou bestificado com as luzes de natal, ao chegar no planalto central. Como seria sua reação ao passar os dias na janela do apartamento do Billy, em Ney York City?

Bestificada mesmo ficaria eu se tivesse a honra de ver a Matilde Campinho recitar a saga Faroeste Caboclo, da nossa Legião. Assim como, se o Renato Russo tivesse vivo, eu faria uma proposta indecorosa pra ele musicar o poema da Matilde.

Aqui o João é Ray, enquanto o Billy é de Santo Cristo, ambos têm ascendente em Escorpião. Nasceram em realidades distintas, mas a música e a poesia ditaram a forma da sua jornada em meu coração.

 

Gabi D. 

__________________________________________________________

Desafio 001Set do Clube da Escrita, ministrado pela @anaholandaoficial.

O primeiro desafio de setembro nos propõe escrever uma crônica a partir de um poema proposto. Não é transcrevê-lo, é recriá-lo.

Comentários