Dia desses me pediram um texto
esticado, sem ler o enunciado fiquei matutando o que danado vinha a ser. Quando
cheguei ao entendimento me vi demasiadamente cansada, porque além de esticar eu
tinha que me fazer entender. Pensei verdadeiramente em fugir, me abster. Desisti
rápido. Sou escritora ou o quê?
Graciosamente pensei num tema
prazeroso, daqueles que dá um gosto gostoso danado de ler.
Pensou em comida, né? Eu
também gosto é muito. No caso de comer em si e não de ler.
Mas, mais do que comer, eu
gosto muito, muito mesmo, tipo bastante, é de escrever. É como aquele golinho
de café no meio da tarde pra não dar enxaqueca braba; ou aquela cervejinha gelada
depois do jantar pra dormir um sono profundamente restaurador. Pode parecer
fuga desesperada ou só escolhas pra se viver plenamente em paz.
Qual a fuga lhe convém com
mais lucidez?
Há mais de dez anos eu morei
um tempo em Mossoró, interior do Rio Grande do Norte, não durou muito – graças a
Deus – ou eu não sei se estaria aqui pra contar essa epopeia, isto, sucessão de
eventos extraordinariamente surpreendentes, retumbantes e de uma grandiosidade inexplicavelmente
desesperadora.
Isso mesmo. Demasiadamente D E
S E S P E R A D O R A.
Fui ao fundo do poço, sem
família, sem amigos – apenas os poucos colegas do trabalho – sem vida. Me
restou mergulhar de corpo, alma e coração nas infinitas páginas em branco ora
do word, ora do diário da lamentação.
Como se não bastasse eu
inventei de me apaixonar. O amor? Era platônico. A tal paquera, sabe? Era “sóquera”.
De sozinha mesmo. Seria trágico se não fosse cômico.
Você não vai acreditar se eu
disser que comecei a escrever uma novelinha. Fantasiei daquele jeito bem
fantasioso a história desse amor. Passei a viver no iluminismo da minha imaginação.
Por um tempo foi tão bommmm. Virei noites escrevendo.
Desde os flertes, ao pedido de
namoro, apresentação à família, nosso primeiro dia dos namorados... tudo tão
romanticozinho, fofinho, clichê, piegas ou qualquer que seja a denominação. A
nossa primeira vez foi mágica. No entanto ela pede um texto paralelo, logicamente
não vou usar todas as minhas fichas agora, ganho tempo pra enfeitar e, até
mesmo ousar no outro. E ainda conto com a sua audiência, pois tenho
absolutamente convicção que te deixei com a curiosidade aguçada. Tenho razão?
Gabi D.
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Desafio
003Set do Clube da Escrita, ministrado pela @anaholandaoficial.
O terceiro
desafio de setembro nos propõe escrever um texto “esticado”, fazendo uso de
palavras longas e/ou repetidas. De forma que dê um sentido mais amplo. Aqui é
pra se libertar da “caixa”.
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