Minha primeira reação foi reclamar,
claro. Estavam atrasados e o taxímetro de Anderson – meu fiel escudeiro – tava rolando.
Pior do que o atraso eram as mentiras quando eu ligava. Por um instante
respirei fundo e olhei para aquela esquina.
Veio um filme inteirinho na
mente. Talvez mais de um se eu desejasse fragmenta-lo. Mas, basta um. Com suas
etapas/ fases da vida.
Comecei lembrado que ao lado
daquela padaria era o consultório da minha primeira dentista, Ana Torquato, uma
casinha branca, pequena, nem parecia clínica. Ainda está lá. A Ana, eu já não
sei. Faz muito tempo.
Depois lembrei da Rua Primeiro de
Maio e do Sítio do Picapau Amarelo, caminhos percorridos na minha infância /
adolescência. Quando eu saía da R. Condor, atravessava a R. Gen. Gustavo
Cordeiro e subia a primeiro de Maio para pegar a Floriano, depois a Deodoro e
chegar ao CIC. Durante, pelo menos 3 anos, eu fazia esse caminho todos os dias.
Inclusive aos sábados, quando íamos ao Nordestão comprar os lanches da semana.
Na volta da escola a gente sempre
parava num cachorro-quente molhado, que ficava nesse canteiro em frente à UnP, para
jantar. Nessa época ainda não se colocava carne moída no cachorro e o frango
não era seco. Era o melhor cachorro da vida. Às vezes, mais raras, a gente comia
lá no passaporte. Bonzão também. O cachorro não existe mais, mas o Passaporte
véi de guerra permanece lá. E sempre que posso, bato o ponto.
Minhas histórias com essa esquina não pararam por aí. Ainda bem!
No ano de 2021 fui trabalhar
exatamente no Ed. Leonardo, ficava em frente à UnP, onde tinha o carrinho do
cachorro quente que eu amava. Embora nessa época já não tivesse mais. Amém!
Fiquei ali por cerca de um ano ou
um pouco menos, pois a Oficina da Notícia mudou de endereço. Embora eu pegasse
a Floriano todos os dias para ir ao endereço novo. Logo, continuava a ser meu
caminho inevitavelmente.
No começo de 2005 voltei a
circular pela R. Manoel Dantas, pois estudava na FARN e estava passando uma chuva
num apartamento de uns primos, ali atrás da 96 FM. Mais uma vez não durou
muito. Oh Glória. Não por eles, claro.
Depois disso, minhas idas por
esse reduto foram reduzindo cada vez mais. E mais. Até cessarem. Já não tinha
mais nada que me levasse ao lado de Petrópolis por esses caminhos. Salvo quando
ia passar algum sábado na casa de Camilete.
Então, a manhã de 30 de julho de
2022 me trouxe esses sabores e, alguns, dissabores. Que, na ocasião, já haviam
sido superados e, graças a Deus, tô em paz. Foram muitas lições. Guardo todas
elas. Mais que isso, precisei de todas elas para ser quem eu sou hoje.
Guardei essa foto para escrever sobre,
mas o fds e o mês seguinte foi tão tumultuado com os eventos daqueles benditos
banheiros, que esqueci ela no meu rolo de câmera. Hoje, limpando-o, como faço
todo domingo com as mídias e as conversas, achei.
Então, lembrei do tempo que não
escrevo. Do quanto escrever me faz um bem dando. E daí, optei por começar por
essa foto “perdida” no rolo e cheia de histórias que guardo na memória e no
coração.
Estou de volta e espero que com
intervalos mais curtos!
Gabi D.
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